Quando me dá a febre da pesca, e dá muitas vezes, os meus neurónios passam-se completamente. Só existe uma forma de os acalmar. Mar, muito mar, sempre o mar.
Há dois dias, com o calor que se fazia sentir, a pancada foi ainda maior. O calor exponenciou o problema. A solução era evidente.
Rapidamente preparo o material e arranco na direção de Aveiro, quebrando alguns limites de velocidade na A25, mas sem exageros porque queria mesmo chegar…
Chego à praia ao meio dia. Para mim, uma hora impensável para pescar, pois nunca apanhei um robalo que fosse para além das onze horas. Pesca que se preze tem que ser feita entre o por do sol e a alvorada. Mas a febre não baixava.
Assim que o contemplo, a sua grandeza e beleza acalmam-me quase instantaneamente. É chegada a hora da pesca tão desejada. Sob um sol altaneiro e um calor abrasador que só a brisa marinha de quando em vez quebrava, ia efetuando os lançamentos e as recolhas em movimentos repetitivos. Amostra vai, amostra vem.
Quatro horas depois e cinco quilómetros palmilhados, chego à Vagueira. Nem dei pelo tempo passar. Havia tomado o pequeno almoço às sete horas da manhã e ainda não tinha comido mais nada. Lembro-me então de repor energias. Dirijo-me à Prisão do Alemão. Um restaurante explorado por um alemão há muito tempo radicado no nosso país onde podemos provar comida típica alemã e portuguesa. Optei por uma salsicha alemã que quando chegou à mesa me assustou pelo seu comprimento. Já vi peixes-espada mais pequenos. Para acompanhar a iguaria solicitei uma cerveja alemã, fermentada, que é de beber e chorar por mais. Mas meio litrinho já chegava, pois tinha que regressar. Recomendo.De novo na praia, recomeço a faina até ao cair do sol, perscrutando todos os pesqueiros que existiam por lá. Não era dia de peixe. Ou não quiseram, ou não tive engenho para os enganar. Fica a dúvida!
De uma coisa estava certo. Na hora de voltar para casa estava cansado, sem peixe, mas calmo, muito calmo. E feliz também.
Fiquem bem!